Geneviève Jeanningros sempre acreditou que sua missão era estar ao lado de quem a Igreja preferia esquecer. Nômades, artistas de circo, pessoas trans, prostitutas e casais considerados impróprios pela doutrina oficial. Tanto é que quis morar entre eles. Até o ano passado, sua casa era um trailer em um acampamento cigano que fica na praia de Ostia, uma das mais próximas de Roma.
Aos 81 anos, a freira francesa da fraternidade Irmãzinhas de Jesus, se tornou uma das figuras mais marcantes no velório do papa Francisco —a quem chamava de amigo. Com uma mochila verde nas costas, ela quebrou o protocolo e se aproximou do caixão do pontífice, onde chorou e rezou sem ser interrompida. Para muitos, o momento de Geneviève revelou também a essência de Francisco: humanidade, compaixão e desvio das regras quando o amor exige.
Geneviève, assim como o pontífice argentino, carrega sempre o sorriso no rosto. Gentil, humilde e amiga dos últimos, os preferidos de Cristo. O papa carinhosamente a chamava de "enfant terrible" (criança terrível, em tradução livre do francês), por sua vocação fora dos padrões. Há 56 anos, ela dedica a vida à assistência de pessoas trans, prostitutas do Lido di Ostia e artistas circenses, mundos que ela apresentou a Jorge Bergoglio ainda antes do pontificado.