Francisco assinou o prefácio de "Mulheres e ministérios na Igreja sinodal", um volume publicado recentemente, escrito pelos cardeais Hollerich e O'Malley e por três teólogas, incluindo a bispa anglicana Wells, que participaram da reunião de fevereiro do C9. "O drama dos abusos forçou a abrir os olhos para a chaga do clericalismo. Não se trata apenas de ministros ordenados, mas de uma forma distorcida de exercer o poder na Igreja, na qual todos podem cair: até mesmo leigos e mulheres"
As mulheres, seu papel e o sofrimento pelo reconhecimento "do que são e do que fazem". Em seguida, os ministérios ordenados, a sinodalidade, o drama dos abusos que abriu os olhos para a "chaga" do clericalismo e o exercício distorcido do poder dentro da Igreja, até mesmo pelos leigos, até mesmo pelas próprias mulheres.
Há todas as questões eclesialmente sensíveis no prefácio que o Papa Francisco assinou para o livro, publicado pelas Paulinas, “Mulheres e ministérios na Igreja sinodal”, um volume escrito por dois cardeais e três teólogas: a irmã salesiana Linda Pocher, professora de Cristologia e Mariologia no Auxilium de Roma (que também assinou a introdução); Jo B. Wells, bispa da Igreja da Inglaterra e subsecretária geral da Comunhão Anglicana; Giuliva Di Berardino, consagrada da Ordo Virginum da Diocese de Verona, liturgista, professora e responsável pelos cursos de espiritualidade e exercícios espirituais. Os dois cardeais são Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo e relator geral do Sínodo, e Seán Patrick O'Malley, presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores.
O drama dos abusos
O tema por trás do qual se encontra "um certo sofrimento das comunidades eclesiais em relação ao modo como o ministério é entendido e vivido não é uma realidade nova", enfatiza o Papa, apontando como "o drama dos abusos nos forçou a abrir os olhos para a chaga do clericalismo, que não diz respeito apenas aos ministros ordenados, mas a um modo distorcido de exercer o poder dentro da Igreja, no qual todos podem cair: até mesmo os leigos, até mesmo as mulheres".
"Ouvir os sofrimentos e as alegrias das mulheres é certamente uma maneira de nos abrirmos para a realidade", diz Francisco. "Ouvindo-as sem julgamentos e sem preconceitos, percebemos que em muitos lugares e em muitas situações elas sofrem justamente pela falta de reconhecimento do que são e do que fazem e também do que poderiam fazer e ser se tivessem o espaço e a oportunidade. As mulheres que mais sofrem são geralmente as mais próximas, as mais disponíveis, preparadas e prontas para servir a Deus e ao seu Reino.
Quanto ao tema do diaconato feminino, o cardeal secretário-geral do Sínodo, Mario Grech, na coletiva de imprensa de apresentação do Instrumentum, lembrou que ele não será abordado na próxima Assembleia, pois é objeto de um dos grupos de estudo criados pelo Papa para aprofundar a reflexão teológica e pastoral sobre questões específicas. O tema do diaconato das mulheres Francisco o confiou ao Dicastério para a Doutrina da Fé, no contexto mais amplo das formas ministeriais, em colaboração com a Secretaria Geral do Sínodo. O trabalho, anunciou o documento sobre os grupos de estudo publicado em março, terá como objetivo responder ao desejo da Assembleia sinodal de "um maior reconhecimento e valorização da contribuição das mulheres e um aumento das responsabilidades pastorais confiadas a elas em todas as áreas da vida e da missão da Igreja".
Storni Jr – Jornalista DRT 2.105/Pa
(Goiano de nascimento, paraense de coração e Nordestino, Cearense por devoção)